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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Os Milagres de Fátima

  O dia era 13 de Outubro de 1917. O fato a acontecer havia sido descrito por pequenos pastores do interior. Haveria um milagre no céu. Milhares de pessoas correram á pequena cidade de Fátima, em Portugal, em busca do pretenso fenômeno. Havia uma mistura de fé, curiosidade e e também de incredibilidade.

"A 13 de Outubro de 1917 estavam mais de 70 000 pessoas reunidas na Cova da Iria, em Fátima, Portugal. Tinham vindo presenciar um milagre que tinha sido anunciado pela Virgem Maria a três jovens visionários: Lúcia dos Santos e os seus dois primos, Jacinta e Francisco Marto […] Pouco depois do meio-dia, a Nossa Senhora apareceu aos três visionários. Quando estava prestes a partir, apontou para o Sol. Lúcia repetiu o gesto, emocionada, e as pessoas olharam para o céu […] Depois, uma onda de terror varreu a multidão porque o Sol parecia romper-se dos céus e esmagar as pessoas horrorizadas […] Justamente quando parecia que a bola de fogo iria cair e destruí-los, o milagre parou e o Sol reassumiu o seu lugar normal, brilhando pacífico como nunca". ( Dawkins R., Universidade de Oxford)
  O acontecimento foi discutido e ainda o é por diversas fontes.
 Milagre, fenômeno meteorológico, um disco voador, histeria ou alucinação coletiva, são algumas das defesas que se fazem do fato.
 A realidade contudo, é que , de forma indiscutível, os pequenos pastores foram capazes de antever o acontecimento . E em realidade o mesmo ocorreu.

  Em um ano que mudou a história do mundo, com acontecimentos como a revolução soviética, alguns meses antes, os céus davam sinais que muitos viram e acreditaram, apesar da aparente incredibilidade natural de muitos.

  Noventa anos depois, estava eu e minha esposa em Lisboa. Era o dia 12 de Outubro e queríamos ir a Fátima no dia de aniversário do milagre.
  Como aconteceu sempre comigo em visitas a Portugal, procurei informações no hotel e em restaurantes de como chegar a Fátima no dia seguinte, e todos os que me comuniquei passaram-me a idéia de que deveria desistir do meu intento. Diziam ser muto difícil, ou que deveria procurar um tour que fosse a Fátima e outras cidades próximas, o que não era o meu desejo.

  Como em outras viagens a este país que tanto queremos bem, resolvi usar a estratégia de comunicar-me em inglês, o que sempre funcionou, curiosamente. Desta forma, consegui a indicação de como chegar a Fátima.

  O dia 12 de outubro de 2007 foi um dia chuvoso e preocupava-me com o clima no dia seguinte, e nos desconfortos que teria em Fátima, com sua enorme praça sob tanta chuva.

  O caminho para Fátima, 1h e 30 minutos de viagem de Lisboa, pode ser facilmente realizado a partir da Rodoviária de Sete Rios em Lisboa. No site http://www.rede-expressos.pt/, você tem todas as informações de pontos de venda e de horários de saída, que são muitos. O preço é de 20 euros ida e volta. Chegue cedo e fique já na plataforma de embarque, pois nem sempre- aconteceu conosco- os lugares marcados são levados a sério. A viagem em si foi uma delícia, tendo em vista as paisagens de estradas tão bonitas e os diálogos entre senhoras portuguesas, amigos e parentes, sobre seu dia a dia e sobre suas questões familiares, com a peculiar simpatia das gerações passadas lusitanas.

  Ao chegar ao ponto final, em Fátima, basta uma caminhada em torno de 200 metros e vc estará na praça do Santuário de Fátima. Certamente , independente de sua fé ou religiosidade, este é um dos pontos mais importantes de peregrinação pela fé do planeta.

  A emoção transmitida pelas milhares de pessoas ali presentes jamais me será esquecida. Certamente há poucos sítios de peregrinação de qualquer religião, que podem ser comparados a Fátima. Acredito que se sua formação é católica ou cristã, ou se você nasceu em um país cristão, certamente, como fazem os muçulmanos em seus locais de fé, deveria uma vez na vida ir a Fátima.

  Confesso que me incomoda um pouco o inevitável e crescente comércio de peças religiosas, muitas vezes de origem chinesa, que se espalha pela cidade, como em outros locais religiosos. Contudo, sei que muita gente vive deste ofício e objetos religiosos como um terço , um medalha ou uma estatueta, se comprados em Fátima, têm seu valor especial e transcendem a idéia de "só comércio",principalmente por ser especialmente bela a imagem da Nossa Senhora de Fátima.

  Ao chegarmos à imensa praça do santuário, http://www.santuario-fatima.pt/portal/, fomos também testemunhas de um pequeno e de um grande milagre.
  O pequeno milagre é que aquele dia 13 de Outubro foi o dia mais ensolarado e bonito que já presenciei em minhas idas Portugal, contrariando veementemente todas as previsões do tempo.





Mas o segundo milagre, foi muito maior:
 O segundo milagre é de origem espiritual.
  Imagine milhares de pessoas ajoelhadas. Pessoas das mais diversas origens,  raças, idiomas e culturas tão diversas. Imagine todas estas pessoas congregadas por um ideal único, apesar de suas disparidades . Pessoas que rezam, que caminham áridos metros de joelhos agradecendo promessas, que acendem velas e que sobretudo, se emocionam.
 Foram horas em que fomos testemunhas do mais espetacular movimento de pessoas, todas unidas, dividindo seus desesperos, seus desejos, suas tristezas,sua felicidades; seus pedidos possíveis e impossíveis, sob a égide da ESPERANÇA, o motor-mestre que permite o homem continuar lutando e vivendo- o resíduo da caixa de Pandora- tão essencial a acreditarmos em um amanhã.


Não havia ódio, preconceito, ou pecados naquele momento. Somente pregação, admiração e respeito.

   Certamente este foi o grande milagre daquele dia.
  Na 1h e 30 minutos da viagem de volta- já no final do dia- Minha esposa disse com felicidade que ali em Fátima, o maior milagre, foi o de três crianças de origem humilde agregarem, muitos anos depois, a esperança de tanta gente em volta de um lugar  e de uma imagem, que estará infinitamente no coração de Portugal e nos corações dos que notaram que algo mudou dentro de si naquela visita...

Um comentário:

  1. Relato espetacular e ao final da leitura me emocionei com as suas palavras defé.
    Obrigada por escrever este texto.
    Parabéns!

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