Total de visualizações de página

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Povos educados?

    A Itália habita os corações brasileiros. Seja por nossa cultura estar impregnada pelos nossos imigrantes italianos que aqui também aportaram no século XIX principalmente, seja pelo ideário - nem sempre verdade- de um povo alegre, brincalhão, agradavelmente barulhento. Algo, que em nossa cultura, nos parece uma realidade inquestionável, contrapondo-se ao  comportamento introspectivo e solitário dos europeus do norte.
É com esta visão que inúmeros brasileiros que não têm origem familiar italiana, embarcam para esse país cheio  de expectativas. Aconselho a você que vai à Itália  não esperar um povo alegre e simpático, não por que os italianos sejam grosseiros, mas porque este tipo de esteriótipo da nonna gente fina e do italiano gente boa, que gosta de conversar sobre futebol, é algo que muitas vezes nos cria uma idéia que se não concretizada, faz-nos sentir tristes e chateados. Razão esta que já me fez ver muitos brasileiros voltando da Itália reclamando da falta de educação dos italianos.O mesmo em relação a outros países.
   Em realidade não existe povo simpático nem povo antipático.Em todo país há gente legal, comunicativa e gente grossa, desagradável. Tudo tem a ver com personalidade e com as experiências pessoais de cada um.
Lembro-me em uma viagem pela Grécia, que ao dizer que era brasileiro, numa era pré internet e pré- Grécia na comunidade européia, que o grego ficou tão louco de alegria, que me levou a seu salão de cabelereiro querendo cortar "de grátis " meus cabelos. O homem era um apaixonado por futebol brasileiro e dizia a escalação da seleção de 70 de ida e volta.
 Jamais esquecerei um taxista de origem anglo-saxônica , no outro lado do mundo, que ao se despedir (deveria ser frio pelo nosso esteriótipo), depois de uma corrida de meia hora, perguntou que lingua falávamos, e se emocionou, com os olhos cheios de lágrima ao referir que não ouvia há muitos anos o portugues brasileiro de uma falecida amiga amada. Um velhinho já me perseguiu na Austria , perguntando a minha esposa de onde éramos. O mesmo já aconteceu na Dinamarca (um povo frio?), de onde tivemos muita simpatia e indicações de lugares a visitar.
Por outro lado, certa feita vi uma vendedora de sorvetes chateada e agressiva atrás de um balcão, porque foram feitos dois pedidos de sorvete ao mesmo tempo- coisa comum em nossa cultura- e não na cultura anglo-saxonica, o que para ela foi ofensivo. Já vi também , em uma fila, franceses- que têm fama de mal educados- reclamarem do comportamento de franceses de uma loja em Paris, referindo-se a eles como mal educados. Já fui muito bem tratado por franceses e por argentinos, que têm fama de serem pedantes e prepotentes e mal tartado pro chilenos, tchecos , que têm fama de serem legais.
    Observo que a minha teoria de que não existem povos mal educados e povos agradáveis é real. Acredito mais na individualidade das pessoas, que se aplica a sua natureza, nível de estresse e educação pessoal.
  Contudo, gosto sempre de lembrar que, seja aonde você for, vc será embaixador de seu país.
Seu comportamento será um norte para a idéia que estrangeiros- que não conviveram com brasileiros- terão, a partir de então, de todo cidadão de sua  nacionalidade.
  Mas a melhor maneira de tentar ser bem tratado é ser discreto, tentar ser educado e sorrir, coisa cada vez mais rara ....
E não deixe de ir à Itália. O país é lindo....

Um comentário:

  1. Acabei de chegar da minha primeira viagem a Itália e, sem dúvida alguma, um país maravilhoso, uma história viva por toda ela. Concordo em que "não existe povo simpático nem povo antipático.Em todo país há gente legal, comunicativa e gente grossa, desagradável. Tudo tem a ver com personalidade e com as experiências pessoais de cada um". Mas a minha experiência desta vez mostrou-me uma maioria grosseira e mandona, no trato conosco,turistas. Uma comida horrorosa, saí de lá com fome, mas valeu a pena pela beleza do país. Em Londres, desta vez os taxistas foram gentilíssimos, devem ter feito algum curso de boas-maneiras. E em Paris, como da primeira vez, brigamos com o garçon de um restaurante. Na verdade encontramos também muita gente solícita e atenciosa.
    Mas como você diz, e é verdade, devemos viajar sem a expectativa de encontrarmos um povo gentil e hospitaleiro, devemos fazer a nossa parte, sermos educados e discretos. Assim se viaja bem e se volta sem traumas ou frustrações.
    Maria Tereza

    ResponderExcluir