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terça-feira, 10 de novembro de 2009

O prazer das lembranças de viagens

Não há como discutir que a melhor lembrança de uma viagem é a transformação que ocorre em cada um de nós após chegarmos em casa.
Você nunca mais será o mesmo depois de visitar um novo destino. As imagens, sentimentos e situações vividas servem muito mais do que para simples aprendizado. Elas construirão um novo capítulo no complexo romance que somos cada um de nós.

Por toda a sua vida- mesmo naqueles momentos mais tristes- uma imagem passada de uma onda molhando os seus pés, de uma obra de arte que de suas tintas mortas criou-se tanta vida em uma tela branca; ou o sorriso de uma criança igualando pessoas de idiomas e culturas diferentes, estará lá em você, revigorando-o.

Como somos seres que criamos relações fortes entre o que vemos e o que vivenciamos, fotos de uma viagem parecem ser a forma mais simples de nos remeter àquele momento mágico que nos aconteceu. Quantas vezes não me peguei olhando uma foto em um lugar deslumbrante deste mundão afora e me perguntei: Será que fui eu mesmo... Costumo agradecer a Deus estes momentos quando os estou vivenciando.

Acho que as experiências de viagens me deram a noção de “estou sendo feliz “ e este momento vais passar, mas ficará comigo para sempre.

  Confesso , contudo, que ao contrário de muitas pessoas, não acho que fotos sejam a melhor forma de lembrar um local. Acho sempre que fotos podem tornar um local muito mais pobre do que aquilo que realmente pudemos ver. A foto não capta a emoção de um momento e congela em uma grade de zooms e pixels frios toda aquela beleza, tão quente e viva.
  A fotografia não te deixa sonhar. Lembro-me das descrições de cidades e ambientes de diversos escritores e dos mundos que nossas mentes criavam. Estes lugares, que são somente nossos, não são passíveis de serem fotografados. O centro da terra e o fundo do mar de um Jules Verne são muito mais ricos que  fotos destes ambientes.
  Só consigo ver exceção nisto em algumas fotografias artísticas, de profissionais espetaculares como um Ken Ducan, um Peter Lik  ou um Sebastião Salgado, que são capazes de retratar, de forma que não entendemos, a mística de lugares e até a alma das pessoas, jogando com as luzes, como no passado fez Leonardo em seus quadros.
www.kenduncan.com
http://www.peterlik.com/home.html
www.masters-of-photography.com/.../salgado/salgado.html

Desta forma, confesso que minhas lembranças de viagens são evocadas de outra forma.


Gosto de pequenos objetos de artesanato de cada região que visito. Pequenas estátuas, potinhos, pedras, bonecos.... todos me fazem lembrar uma viagem diferente. Poderia tê-los todos organizadinhos em uma grande prateleira ou armário.

Para desespero de todos, especialmente de minha esposa e de faxineiras, os coloco todos aglomerados, abraçando-se.


Faço isso porque minhas lembranças de tantas viagens estão assim expostas em meu cérebro. São diversas imagens, todas bagunçadas e abraçadas. Olho para a minha prateleira e me rio com sua deliciosa desorganização .

Desta forma, viajo de novo, com várias emoções ao mesmo tempo, e sinto o prazer de ver meus nervinhos banhados por simpáticos e suculentos neurotransmissores.... Acredito que esta seja a minha melhor terapia de relaxamento... O prazer da lembrança

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